ele queria descer ao chão
a multidão de torcedores desesperados até improvisou uma bandeira para conter o torcedor mais desesperado
todo mundo, nessa hora, torcia para que ele não pulasse
mas o torcedor mais desesperado estava pendurado do alto de dez metros
decidido a acabar com a própria vida, no meio do jogo de futebol
estudante de 21 anos, dizia minha vida não faz mais sentido
o policial prometeu entregar a ele um celular para que ele se despedisse da mãe
assim conseguiram agarrá-lo e metê-lo à força em um helicóptero que
subiu aos céus
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
domingo, 7 de dezembro de 2008
feliz da vida
no ponto de táxi é assim: sai um carro, entra outro.
a fila sempre se renova.
por isso, a criatura mais feliz do bairro é o cachorro adotado pelos motoristas do ponto de táxi.
é um vira-lata (o que significa que dificilmente tem um sobrenome tradicional nas redondezas), mas é a criatura mais feliz do bairro.
toda vez que um motorista sai para fazer alguma corrida, não dá tempo do cachorro nem sentir falta.
logo chega um outro carro.
e a cada carro que chega, o cachorro faz festa, abana o rabo e corre.
feliz da vida.
a fila sempre se renova.
por isso, a criatura mais feliz do bairro é o cachorro adotado pelos motoristas do ponto de táxi.
é um vira-lata (o que significa que dificilmente tem um sobrenome tradicional nas redondezas), mas é a criatura mais feliz do bairro.
toda vez que um motorista sai para fazer alguma corrida, não dá tempo do cachorro nem sentir falta.
logo chega um outro carro.
e a cada carro que chega, o cachorro faz festa, abana o rabo e corre.
feliz da vida.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
compras-celular-choro
sexta-feira
fim da tarde
com cinco sacolas equilibradas em uma das mãos, lá dentro presentes de natal, ela chora
no ponto de ônibus
com o celular na outra mão, do outro lado alguém que importa, ela desabafa copiosa
o choro lava o rímel e cria poças de dor sob o olhar cansado
sob os olhares cansados da moça de coluna curva, do menino de mochila e do homem de costas peludas
todos um tanto quanto constrangidos: onde já se viu uma mulher desse tamanho abrir esse berreiro em plena via pública?
quanto a ela, a das compras-celular-choro, os cabelos amarelos estão mal amarradas em um coque apressado; a blusa é vermelha, os sapatos dourados
depois de desligar, guarda o telefone em uma das sacolas e enxuga o rosto com as costas das mãos
fim da tarde
com cinco sacolas equilibradas em uma das mãos, lá dentro presentes de natal, ela chora
no ponto de ônibus
com o celular na outra mão, do outro lado alguém que importa, ela desabafa copiosa
o choro lava o rímel e cria poças de dor sob o olhar cansado
sob os olhares cansados da moça de coluna curva, do menino de mochila e do homem de costas peludas
todos um tanto quanto constrangidos: onde já se viu uma mulher desse tamanho abrir esse berreiro em plena via pública?
quanto a ela, a das compras-celular-choro, os cabelos amarelos estão mal amarradas em um coque apressado; a blusa é vermelha, os sapatos dourados
depois de desligar, guarda o telefone em uma das sacolas e enxuga o rosto com as costas das mãos
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
deznoveoitoseteseiscincoquatrotrêsdoisum
Estava sozinha, com seus cabelos negros curtos e alguns fios brancos.
O shopping center iluminado com luzes de Natal.
Apoiou a câmera fotográfica no parapeito, disparou o contador e foi fazer a pose.
Dez segundos depois, o branco do flash.
Ela foi conferir a foto, no visor.
Estava sozinha, com as luzes de Natal ao fundo.
Sorriu.
Sozinha.
O shopping center iluminado com luzes de Natal.
Apoiou a câmera fotográfica no parapeito, disparou o contador e foi fazer a pose.
Dez segundos depois, o branco do flash.
Ela foi conferir a foto, no visor.
Estava sozinha, com as luzes de Natal ao fundo.
Sorriu.
Sozinha.
precioso
O vento desarrumava os já desarrumados cabelos brancos do velhinho. Com calça e casaco de moleton cinza, ele segura um cachorrinho branco. Mantém no colo o cachorrinho, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. O pelo branco do cachorrinho também balança ao vento.
vermelhas
Os dois candidatos usavam gravata vermelha no debate.
Hoje é bonito levantar a bandeira vermelha.
Na hora de ir embora, cada um entrou em seu carro de luxo que custa mais de R$ 90 mil.
No interior dos veículos, tiraram as gravatas.
Essas danadinhas só servem para apertar o pescoço.
Hoje é bonito levantar a bandeira vermelha.
Na hora de ir embora, cada um entrou em seu carro de luxo que custa mais de R$ 90 mil.
No interior dos veículos, tiraram as gravatas.
Essas danadinhas só servem para apertar o pescoço.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
peixinhos
o primeiro peixe que o menino ganhou morreu no primeiro dia
o segundo peixe que o menino ganhou morreu no segundo dia
o terceiro peixe o menino acabou de ganhar
está no saco plástico, mergulhado em três dedos d'água
uma fita amarela amarra o saco plástico
a avó do menino pede para ver o peixe, porque com a vista cansada até parece que não tem peixe nenhum no saco plástico - só fita amarela e três dedos d'água
a avó procura, procura o peixe
o menino pergunta: já morreu?
o segundo peixe que o menino ganhou morreu no segundo dia
o terceiro peixe o menino acabou de ganhar
está no saco plástico, mergulhado em três dedos d'água
uma fita amarela amarra o saco plástico
a avó do menino pede para ver o peixe, porque com a vista cansada até parece que não tem peixe nenhum no saco plástico - só fita amarela e três dedos d'água
a avó procura, procura o peixe
o menino pergunta: já morreu?
sábado, 13 de setembro de 2008
jade (leia-se rade) y lucas
trecho de cena de el clón, capítulo 167
jade
sí, éramos tan bobos, tan niños. yo recuerdo que decías que dejarias a tu padre, tu empresa, tu país; que viverías en marruecos convertido en musulmano, que trabajarías con tio ali, recuerdas?
lucas
por supuesto
jade
imagináte vestido con nuestras ropas de marruecos, caminando por las tinas, acompañado tio ali a el mercado de camellos.
comentários para a cena do capítulo 167 de el clón, no youtube
Que TONTOS los dos!!!!!!
Yo fuere ella me le lanzaba a los brazos y me lo comia a besos. Le deria que lo amo y que nunca le deje de querer! Que me rapte en ese momento y a mi hija tambien!
Ash que tormento!!!!!!
LOL =)
Que barbaros que actuaciones, DE CASUALIDAD ALGUIEN SABE SI VENDEN LA TELENOVELA COMPLETA EN DVD,,ALGUIEN??
Por favor que alguien me cuente que pasó en el capitulo 166. Por favooooor!
Aunque sea quisiera saber si Lucas le regreso el collar a Jade.
maiza fue una m...... al decirle a jade tonterias de lucas! q pesar!
Pobresito como llora lucas hablando con jade y reordando todo lo q paso.
jade
sí, éramos tan bobos, tan niños. yo recuerdo que decías que dejarias a tu padre, tu empresa, tu país; que viverías en marruecos convertido en musulmano, que trabajarías con tio ali, recuerdas?
lucas
por supuesto
jade
imagináte vestido con nuestras ropas de marruecos, caminando por las tinas, acompañado tio ali a el mercado de camellos.
comentários para a cena do capítulo 167 de el clón, no youtube
Que TONTOS los dos!!!!!!
Yo fuere ella me le lanzaba a los brazos y me lo comia a besos. Le deria que lo amo y que nunca le deje de querer! Que me rapte en ese momento y a mi hija tambien!
Ash que tormento!!!!!!
LOL =)
Que barbaros que actuaciones, DE CASUALIDAD ALGUIEN SABE SI VENDEN LA TELENOVELA COMPLETA EN DVD,,ALGUIEN??
Por favor que alguien me cuente que pasó en el capitulo 166. Por favooooor!
Aunque sea quisiera saber si Lucas le regreso el collar a Jade.
maiza fue una m...... al decirle a jade tonterias de lucas! q pesar!
Pobresito como llora lucas hablando con jade y reordando todo lo q paso.
domingo, 7 de setembro de 2008
fazer o amor
o programa de rádio dá a notícia da mulher encontrada morta em um motel da rua guajajaras
o policial é entrevistado:
"realmente acreditamos que o suspeito seja o cara que fez o amor com ela durante a noite"
o policial é entrevistado:
"realmente acreditamos que o suspeito seja o cara que fez o amor com ela durante a noite"
terça-feira, 20 de maio de 2008
Com direito à ênclise
"Brasil, meu Brasil brasileiro
meu mulato isoneiro
quero cantar-te nos meus versos"
Assim cantarolava a faxineira, às 9h12 da manhã
Depois de pegar dois ônibus e um metrô, cheios de gente
E atravessar o Centro andando, para pegar pesado e ganhar salário mínimo no fim do mês
meu mulato isoneiro
quero cantar-te nos meus versos"
Assim cantarolava a faxineira, às 9h12 da manhã
Depois de pegar dois ônibus e um metrô, cheios de gente
E atravessar o Centro andando, para pegar pesado e ganhar salário mínimo no fim do mês
terça-feira, 13 de maio de 2008
vocabulário específico
cheia de tensão e nervosismo
a jornalista voou para Copenhagen.
cobriria ali um congresso internacional de esclerose múltipla.
cheia de tensão e nervosismo
tentou, durante o vôo, pensar em inglês
e se acalmar, raciocinando em português:
"não tem porque ficar cheia de tensão e nervosismo
é simples; é só não querer ser fluente demais com o vocabulário específico
que eu não domino. é isso: vou no simples e vai dar tudo certo"
cheia de ginga, simpatia e traquejo,
quando abriram a sessão de perguntas
no congresso internacional de esclerose múltipla,
a jornalista brasileira ergueu o dedinho
e desfiou seu inglês de number one:
- What time is it?
a jornalista voou para Copenhagen.
cobriria ali um congresso internacional de esclerose múltipla.
cheia de tensão e nervosismo
tentou, durante o vôo, pensar em inglês
e se acalmar, raciocinando em português:
"não tem porque ficar cheia de tensão e nervosismo
é simples; é só não querer ser fluente demais com o vocabulário específico
que eu não domino. é isso: vou no simples e vai dar tudo certo"
cheia de ginga, simpatia e traquejo,
quando abriram a sessão de perguntas
no congresso internacional de esclerose múltipla,
a jornalista brasileira ergueu o dedinho
e desfiou seu inglês de number one:
- What time is it?
sábado, 10 de maio de 2008
girassóis
depois que leu aqueles versos versando sobre girassóis, amor, alegria e gratidão,
ela ainda se conteve por incontáveis 27 segundos
depois disso, já não era mais possível
e com o buquê de girassóis desajeitadamente ajeitado nos ombros
deixou que o amor, a alegria e a gratidão tomassem forma
de uma incontida enxurrada de lágrimas
que rolaram ainda por um bom tempo,
entre comentários sobre carência e coração, afogados num abraço,
que desafogava
apesar de atentos e sem espinhos
os girassóis, coitados, nada entenderam
ela ainda se conteve por incontáveis 27 segundos
depois disso, já não era mais possível
e com o buquê de girassóis desajeitadamente ajeitado nos ombros
deixou que o amor, a alegria e a gratidão tomassem forma
de uma incontida enxurrada de lágrimas
que rolaram ainda por um bom tempo,
entre comentários sobre carência e coração, afogados num abraço,
que desafogava
apesar de atentos e sem espinhos
os girassóis, coitados, nada entenderam
quarta-feira, 7 de maio de 2008
bairro de manhã
O sol das 7h15 ainda estava frio.
Enquanto um mendigo flertava com uma mendiga na rua.
A senhora estava dentro de casa, ainda de pantufas.
Como às 7h16 ainda fazia frio, a senhora trazia as duas mãos juntas no peito.
Agarradinhas, como em oração, para espantar o frio.
Vezenquando fricciona uma mão em direção à outra e assoprava.
Às 7h17, a senhora abriu um sorriso cheio de rugas.
A moça do pão cruzava a rua, passava pelos mendigos enamorados e fazia seu trabalho.
Entregou o pão e se foi.
Às 7h18, a senhora não estava mais no portão.
A moça voltava para a padaria.
E o casal de mendigos ainda teria muito assunto.
Enquanto um mendigo flertava com uma mendiga na rua.
A senhora estava dentro de casa, ainda de pantufas.
Como às 7h16 ainda fazia frio, a senhora trazia as duas mãos juntas no peito.
Agarradinhas, como em oração, para espantar o frio.
Vezenquando fricciona uma mão em direção à outra e assoprava.
Às 7h17, a senhora abriu um sorriso cheio de rugas.
A moça do pão cruzava a rua, passava pelos mendigos enamorados e fazia seu trabalho.
Entregou o pão e se foi.
Às 7h18, a senhora não estava mais no portão.
A moça voltava para a padaria.
E o casal de mendigos ainda teria muito assunto.
domingo, 4 de maio de 2008
literatura sanitária em dois momentos
I
"Deus, te amo
Juventude só com Jesus
Creio n'Ele
Tudo posso naquele que me fortalece
Entregue seu amor a Jesus
Jesus, te quero"
- Escritos em banheiro do Kimala Burguer's Cristo Salva - Floresta - Belo Horizonte
II
"Cruzeirense é tudo viado
Atleticano é tudo baitola
Vai tomar no Cú
Cu não tem acento
Acento de cú é rola
Cambada de gente a toa..."
- Escritos em banheiro da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG - Pampulha - Belo Horizonte
"Deus, te amo
Juventude só com Jesus
Creio n'Ele
Tudo posso naquele que me fortalece
Entregue seu amor a Jesus
Jesus, te quero"
- Escritos em banheiro do Kimala Burguer's Cristo Salva - Floresta - Belo Horizonte
II
"Cruzeirense é tudo viado
Atleticano é tudo baitola
Vai tomar no Cú
Cu não tem acento
Acento de cú é rola
Cambada de gente a toa..."
- Escritos em banheiro da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG - Pampulha - Belo Horizonte
sexta-feira, 2 de maio de 2008
deitado
para chorar em cena, não tem mistério.
é só reparar como fazem grandes atores.
não tem memória afetiva, memória emotiva nem o escambal.
o segredo é simples: olhos abertos, durante a cena toda.
o olho resseca, arde, incomoda e, naturalmente, lacrimeja muito.
é só dar um tempinho, que logo o choro brota, copiosamente.
se continuar sem piscar, vira pranto convulsivo.
dá até pra calcular:
a câmera passeia pela ópera, passeia, passeia, ao som da ária.
quando a câmera pára no close da julia roberts, pega o perfil esquerdo da atriz.
e ela chora, do olho esquerdo!
e você pensa: isso é que é boa atriz!
hoje, chorei de olhos fechados, sem direito a técnica.
não era cena.
é só reparar como fazem grandes atores.
não tem memória afetiva, memória emotiva nem o escambal.
o segredo é simples: olhos abertos, durante a cena toda.
o olho resseca, arde, incomoda e, naturalmente, lacrimeja muito.
é só dar um tempinho, que logo o choro brota, copiosamente.
se continuar sem piscar, vira pranto convulsivo.
dá até pra calcular:
a câmera passeia pela ópera, passeia, passeia, ao som da ária.
quando a câmera pára no close da julia roberts, pega o perfil esquerdo da atriz.
e ela chora, do olho esquerdo!
e você pensa: isso é que é boa atriz!
hoje, chorei de olhos fechados, sem direito a técnica.
não era cena.
domingo, 27 de abril de 2008
antes do fim do segundo ato
quarta-feira, 16 de abril de 2008
segunda-feira, 14 de abril de 2008
mulher no ônibus
bermuda azul clara, meias cor-de-rosa, tênis branco
cabelos curtos, grisalhos
jeito sério de mulher de quarenta e nove anos e dois meses
desmontado quando o tênis branco esbarra pela segunda vez no meu pé
e ela sorri, com
jeito doido de menina de três anos e onze meses
bate no meu ombro, na maior intimidade
e se desculpa
cabelos curtos, grisalhos
jeito sério de mulher de quarenta e nove anos e dois meses
desmontado quando o tênis branco esbarra pela segunda vez no meu pé
e ela sorri, com
jeito doido de menina de três anos e onze meses
bate no meu ombro, na maior intimidade
e se desculpa
quinta-feira, 10 de abril de 2008
sábado, 5 de abril de 2008
súbitos
Menino não quer ir embora da lanchonete
Lágrima pula, salta do olho
Contida no uniforme da escolinha
Cessa quando um cachorro chama a atenção
[ do outro lado da rua
Lágrima pula, salta do olho
Contida no uniforme da escolinha
Cessa quando um cachorro chama a atenção
[ do outro lado da rua
princípios
Tela fria, grande, fina
Teclas macias
Combinações infinitas
No começo a gente nunca sabe que fim vai levar
Teclas macias
Combinações infinitas
No começo a gente nunca sabe que fim vai levar
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