a senhorinha mora em um vilarejo escocês
com um gato chamado peabbles
no palco do programa de tevê,
a senhorinha entra, tímida, olhos no chão para não errar a marca
fita crepe discreta no palco, ninguém percebe
dali, daquele lugar, ela recebe as chacotas dos jurados
e da plateia debochada, como toda boa plateia de circo
dali, com os pés sobre a marca de fita crepe,
a senhorinha abre a boca
e canta versos sobre sonho e esperança
ovacionada, com a aprovação do público, dos jurados
(e depois de milhares de pessoas no mundo inteiro)
a senhorinha sai de cena, com um beijo em câmera lenta
enquanto os instrumentos da orquestra entoam,
entusiasmados, os acordes da tal canção sobre sonho e esperança
dali, a senhorinha volta para o vilarejo em que vive
na companhia do gato chamado peabbles
terça-feira, 21 de abril de 2009
quarta-feira, 15 de abril de 2009
tango do fim prematuro
no meio da brincadeira
uma lufada de verdade - da pior espécie, daquelas que ninguém quer ouvir
ao fundo,
os violinos colaboram,
no mais agudo dos tangos
sublinhando a tristeza
enaltecendo o lamento
driblando a brincadeira,
com um olé monumental
uma lufada de verdade - da pior espécie, daquelas que ninguém quer ouvir
ao fundo,
os violinos colaboram,
no mais agudo dos tangos
sublinhando a tristeza
enaltecendo o lamento
driblando a brincadeira,
com um olé monumental
segunda-feira, 13 de abril de 2009
serelepe
há tristeza mesmo
por trás do mais serelepe
dos esquilos
há contentamento mesmo
por trás do mais deprimido
...
dos esquilos?
tá bom... não tem esquilo deprimido...
por trás do mais serelepe
dos esquilos
há contentamento mesmo
por trás do mais deprimido
...
dos esquilos?
tá bom... não tem esquilo deprimido...
quadrilha dos salões de beleza
o jaime virou james
o gracenildo virou gracciano
o zé virou joseph
e o wenceslau virou pierre
pierre amava james
que amava gracciano
que amava joseph
que se casou com meire, a manicure
(que, como continuou meire mesmo,
não havia entrado na história)
o gracenildo virou gracciano
o zé virou joseph
e o wenceslau virou pierre
pierre amava james
que amava gracciano
que amava joseph
que se casou com meire, a manicure
(que, como continuou meire mesmo,
não havia entrado na história)
quarta-feira, 1 de abril de 2009
ela é muito boa pra mim
"estou esperando a ligação de uma menina. são uns esquema meu aí. vou levar ela pro cinema, depois uma cervejinha e depois pimba. sou casado, tem mais de 10 anos. minha esposa é muito boa pra mim, eu é que não presto., mas um dia ainda paro com isso. a vida inteira tive minhas confusão além dela. faço tudo prela não saber, porque acho sacanagem. ela é muito boa pra mim. casou virgem, quer dizer, virgem não, mas eu fui o único homem dela. tenho certeza que ela é fiel. mas homem, rapaz, não tem jeito; essa é uma coisa que todo mundo faz. tem mulher demais nessa cidade, a muiezada não dá descanso. vou dar bobeira? não to morto!
eu e minha mulher nunca tivemos filhos; ela não pode engravidar. também não tenho filho fora do casamento não, me previno. acho que ela não perdoaria. meu medo maior não é nem registrar a criança ou ser preso por não pagar pensão.
não tenho medo da prisão, tenho medo de perder a minha mulher, que é muito boa pra mim.
eu que não presto, mas um dia ainda paro com isso."
- Taxista, entre os bairros Funcionários e Horto, na hora do rush desta quarta-feira
eu e minha mulher nunca tivemos filhos; ela não pode engravidar. também não tenho filho fora do casamento não, me previno. acho que ela não perdoaria. meu medo maior não é nem registrar a criança ou ser preso por não pagar pensão.
não tenho medo da prisão, tenho medo de perder a minha mulher, que é muito boa pra mim.
eu que não presto, mas um dia ainda paro com isso."
- Taxista, entre os bairros Funcionários e Horto, na hora do rush desta quarta-feira
Assinar:
Postagens (Atom)