quarta-feira, 7 de maio de 2008

bairro de manhã

O sol das 7h15 ainda estava frio.
Enquanto um mendigo flertava com uma mendiga na rua.
A senhora estava dentro de casa, ainda de pantufas.
Como às 7h16 ainda fazia frio, a senhora trazia as duas mãos juntas no peito.
Agarradinhas, como em oração, para espantar o frio.
Vezenquando fricciona uma mão em direção à outra e assoprava.
Às 7h17, a senhora abriu um sorriso cheio de rugas.
A moça do pão cruzava a rua, passava pelos mendigos enamorados e fazia seu trabalho.
Entregou o pão e se foi.
Às 7h18, a senhora não estava mais no portão.
A moça voltava para a padaria.
E o casal de mendigos ainda teria muito assunto.

7 comentários:

Carol Lenoir disse...

Quem diria que existe vida inteligente e sensível além da acidez e do guilty pleasure do mundo das (sub)celebridades...ok, ok, eu bem que já sabia! Sua fã, honey!

dani. disse...

que presente esse blog, hein, haikai!?!

DANILO NOVAIS disse...

Achei o post muit interessante...

um jeito controverso, estranho, comum e surreal de narrar a coisa...

sei lá... tive essa sensação..

Sempre qdo lemos fatos do dia-a-dia tal como eles são, a sensação de irrealidade nos invade.. quer dizer, pleo menos a mim...

Parabens pelo Blog!
Abração!

Renato Ziggy disse...

É esse tempo insaciável que não pára de correr... Bom texto! Abraço!

PS: Te vi na Cênicas com a Cler hoje. Bom, acho que era você mesmo. Inté!

Flávio Dantas disse...

texto doido, adorei.

Adriano DiCarvalho disse...

Cara, eu adorei esse espaço. O texto acima é algo mais que bonito, é quase real. E apesar de não ser, me remete poesia da melhor qualidade!

Fred, muito bom conhecer aqui, vou passar a lê-lo com toda certeza e com o mair prazer. Se não se importar, te linkei ao meu espaço.

Parabéns mais uma vez, Abs.

Glau disse...

Gostando cada vez mais dos seus haikais...